03/03/2007 - Ao ocupar a tribuna nessa terça-feira (3) a deputada professora Odete de Jesus (PRB/SC) lançou como tema de discussão para o Dia Internacional da Mulher, que ocorre no próximo domingo, 8 de março, o problema dos abortos clandestinos no Brasil e no mundo. Um relatório intitulado "Estado Mundial da infância 2009", elaborado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), mostrou que mais mulheres morrem a cada dia no mundo devido a complicações relacionadas à gravidez e ao parto. “Dentre as principais causas de morte materna e neonatal, o relatório cita as práticas de aborto e as complicações obstétricas, como hemorragias pós-parto e infecções,” informou.
Com uma crítica veemente à “verdadeira tragédia social” que vem ocorrendo na Índia, onde o número de abortos seletivos – prática cultural na qual os bebês do sexo feminino são descartados – alcança o número absurdo de 580 mil ao ano, Odete disse que essa realidade merece ação enérgica das autoridades mundiais. “Mais de meio milhão de bebes são mortas ano a ano com ajuda da medicina moderna, que permite conhecer o sexo do bebê antes de nascer,” denuncia horrorizada. “São abortos proibidos também naquele país e, portanto, clandestinos como no Brasil, e milhares de mulheres morrem vítimas das complicações”, esclareceu. “O aborto é um problema mundial”, esclareceu.
No Brasil, afirma Odete, os motivos dos abortos clandestinos são diferentes, porém já se tornaram “a quarta causa de óbitos em mulheres”, conforme dados do Dr. Thomaz Gollop, ginecologista, professor da USP e um dos 18 componentes da Comissão Tripartite encarregada pelo Governo Federal para elaborar proposta para revisão da legislação punitiva do aborto, em 2005. “Ele afirma que mais de 1 milhão de abortos são realizados no País todos os anos,” completa a deputada.
Sem confiar muito nesses dados, Odete pediu um levantamento mais sério desse problema. “Nosso país, na verdade, não tem números confiáveis sobre essa questão”, condenou. “Ninguém tem ainda uma conclusão séria e confiável para o tamanho desse problema,” criticou. “Pelo que se sabe até agora, a morte desses bebês e dessas mulheres é um problema de saúde pública que precisa de ação urgente e, para que isso aconteça realmente, precisamos unir esforços, reclamar e exigir solução,” conclamou a deputada. “Essa deveria ser a discussão mais relevante não só para este Dia Internacional da Mulher, mas ser também uma bandeira de todos em defesa da vida”, concluiu.