Coração frágil

                                          Foto: Boris Peterka / Stock.xchng
Entenda por que as mulheres estão sofrendo mais com problemas cardíacos e saiba como prevenir
Anatomia, acúmulo de funções e escassez de estudos sobre o coração feminino são alguns dos pontos críticos apontados por cardiologista..
Estresse estimulado pelo ingresso no mercado de trabalho expõe mulheres ao risco cardiovascular.
Nunca morreram tantas brasileiras por infarto como nos últimos anos, alerta a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Há 50 anos, de cada 10 mortes por infarto, nove eram homens. Atualmente, essa proporção está em seis homens para quatro mulheres. A previsão é que, em 20 anos, o número de mortes em decorrência de doenças cardíacas entre as mulheres deva ultrapassar o de homens.

Nos Estados Unidos, a doença cardiovascular (DCV) já é a principal causa de mortes entre mulheres: 53% das mortes em mulheres foram causadas por DCV em 2009, enquanto o câncer de mama vitimou 4% das norte-americanas. No Brasil, em 2010, 41.211 mulheres foram vítimas de infarto, contra 57.534 homens.

O estresse estimulado pelo acúmulo de funções, com as mulheres cada vez mais atuantes no mercado de trabalho nas últimas décadas, é apontado pela cardiologista Gicela Risso Rocha como um dos fatores centrais para o aumento desse índice, assim como o sedentarismo e a obesidade — não raro decorrentes da rotina estressante.

— Em gerações anteriores, elas ficavam em casa, eram responsáveis apenas pela administração do lar. Hoje, as mulheres têm acumulado o estresse do mercado de trabalho, com uma rotina cada vez mais parecida com a dos homens — comenta Gicela.

Ocorre que o coração das mulheres, por sua vez, não se parece ao dos homens. A cardiologista explica que o coração feminino tem tamanho diferente e outras características particulares. Em contraponto, existem menos estudos sobre o coração delas do que deles.

— Estudos sobre procedimentos mais invasivos, como colocação de stents, por exemplo, têm pouca participação de mulheres — observa a médica.

O que fazer

A obesidade e o sedentarismo são fatores a serem combatidos para reduzir o risco cardiológico não só em mulheres, mas na população em geral.

— Os brasileiros estão cada vez mais gordos, principalmente no Rio Grande do Sul. Dados recentes mostram que Porto Alegre é a capital brasileira onde há mais obesos — afirma Gicela.

Aliado a esse fator, está o sedentarismo. A médica menciona estudos canadenses que mostram que o gasto do governo no combate ao fumo bem é maior do que o estímulo à prática de atividades físicas, enquanto o impacto financeiro do sedentarismo é três vezes maior que o do tabagismo.

— Não há um estímulo à medicina preventiva, a pessoa vai começar a caminhar no parque depois de sofrer um infarto — diz a especialista.

O fumo, vale considerar, também está associado ao maior risco cardíaco, segundo a médica. Porém, mais investimentos no controle do peso da população e no incentivo à prática de atividades físicas são necessários.
Créditos: diariocatarinense online